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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU




A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU, esse cordel eu comprei em uma banca de revistas na rodoviária de Barreiras-BA, achei interessante que a autoria é atribuída a José Pacheco, autor da famosa Chegada de Lampião no Inferno.
Conheço A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU, mas escrita por Rodolfo Coelho Cavalcante.
Bom, gostaria de saber se alguém já leu esse cordel atribuído a José Pacheco, pois dos anos que leio cordel conheci o trabalho presente agora.    

(Inicio)

Foi numa semana santa
Tava o céu em oração
São Pedro estava na porta
Refazendo anotação
Daqueles santos famosos
Quando chegou Lampião.

Pedro pulou da cadeira
Do susto que recebeu
Puxou pelas cordas do sino
Bem forte nele bateu
Uma legião de santos
Ao seu lado apareceu.

São Jorge chegou na frente
Com sua lança afiada
Lampião baixou os óculos
Vendo aquilo deu risada
Pedro disse: - Jorge expulse
Ele da santa morada.
.......................................................

Interessante que não conseguem vencer Lampião e chamam Padre Cicero.
Pedro já desesperado
Ligeiro chamou São João
Lhe disse sobressaltado:
-Vá chamar Cicero Romão
Pra acalmar seu afilhado
Que só causa confusão.

Vejamos a defesa de padre Cicero:

Alguns minutos o padre
Com uma bíblia na mão
Ao ver Pedro lhe indagou:
- O que há para aflição?
Quem lá fora tenta entrar
É também um ser cristão.

Agora o encontro de padre Cicero com Lampião.

Lampião tirou o chapéu
Descalço também ficou
Avistando o seu padrinho
Aos seus pés se ajoelhou
O encontro foi marcante
De emoção Pedro chorou.

Ultima estrofe:
Pedro disse:- é malcriado
Nem o diabo lhe aceitou
Saia já seu excomungado
Sua hora já esgotou
Volte lá pro seu nordeste
Que só o cabra da peste
Com você se acostumou.


2ª PARTE.  Depois de um bom tempo divulgando e procurando a verdadeira autoria, o poeta Guaipuan Vieira,(o verdadeiro autor) entrou em contato falando sobre a injustiça sofrida à respeito de seu trabalho, então desde já fica aqui esclarecida a minha indignação com a pirataria e pessoas que usam de má fé para atingir uma pessoa que tem dedicado tanto à nossa poesia popular.  

Guaipuan Vieira nasceu em Teresina – Piauí, em 11 de setembro de 1951. Filho do poeta folclorista e indianista Hermes Vieira e de Maria José Sousa Rodrigues. É poeta cordelista, xilógrafo e radialista. É graduado em teologia pelo Instituto de Ciências Religiosas – ICRE. Graduando em História na Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. É funcionário da Receita Federal. Aos dezesseis anos já improvisava versos, mas fora duramente repreendido pela mãe, pondo fim uma carreira poética. Desde 1976 se dedica à literatura de cordel. Autor de vários folhetos de cordel, alguns premiados e com destaque na impresa nacional e internacional. Cordéis que focalizam o apocalipse figuram no corpo da tese de doutorado da professora Emmanuelle Delebosse, da Universidade Antilles Guyane, de Martinique, França. Autor de canções gravadas pelos repentistas Antonio Jocélio e Zé Vicente. Tem um livro publicado, um no prelo e três inéditos. É correspondente da Revista Derepente e colaborador de jornal.

    Em 1987 fundou o Centro Cultural dos Cordelistas do Ceará – Cecordel, entidade que contribui sobremaneira para o enriquecimento do cordel no Nordeste. Atualmente, é presidente. No mesmo ano com apoio da iniciativa privada cria a Banca do Cordel, pioneira em praça pública no Brasil. Recebeu da Casa de Arte ASAUF (UFC) o certificado “Cidadão 92", destacando-se como poeta da resistência, por ter contribuído com o Movimento de Poesias do Ceará do Pólo Cultural do Benfica. Em abril de 2003, através de Requerimento Nº 0842/03, de autoria do Vereador José Maria Pontes, recebeu da Câmara Municipal de Fortaleza “Votos de Congratulações” pelo lançamento de seu mais novo folheto, que trata da guerra declarada pelos Estados Unidos à nação iraquiana, e que tem como título “Monstro americano destrói inocentes no Iraque”. Em 2004, no Festival Internacional de Cantadores, em Quixadá – Ceará, foi outorgado pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com a Medalha de Mérito pelo reconhecimento do trabalho prestado em prol da literatura de cordel no Ceará.